sábado, 9 de março de 2019

A Ciberteia e o Ódio Eterno


 Ainda seremos humanos ou já teremos transitado para uma condição desconhecida? Um novo continente ontológico parece configurar-se nas redes sociais e no ciberespaço, onde as possibilidades de "retrocesso civilizacional"_ para recorrer a uma expressão tão cara aos internautas, e não só, ocidentais_ parecem escavar abismos na interacção social. Sem recorrer ao imaginário de horror na literatura ou no cinema, é possível avançar que há figuras macabras que proferem atentados mentais e não hesitam no uso do terrorismo social e psicológico para tentar achincalhar o seu semelhante que podiam ser incluídas no Museu da Madame Tussauds. Nesse espaço psicopático e hediondamente superficial prima a ausência total de sentido, razão, emoção e consciência. A única coerência que o caracteriza é a representação em figuras de cera, numa hipérbole que nem sequer contém nenhuma ironia ou espírito crítico, de personalidades ou vultos que se distinguem por ser celebridades que nada acrescentam ao mundo a não ser um inexaurível buraco negro da vaidade, ganância, arrogância e ignorância.  Não obstante toda a sua antimatéria social e mental, esses bonecos de cera possuem legiões de seguidores pelo mundo fora.
 Fica a interrogação a levitar na internet sobre o nexo da liberdade poder ser o seu principal arqui-inimigo_  apesar do seu manancial de informação continua a primar e a ter por diapasão uma total ausência de filtros, onde o lado obscuro da mente humana consegue libertar monstros irreconhecíveis mesmo pela imaginação mais desenfreada e perturbada. 
 Não é fácil executar a diatribe do que o vulgo designa por um troll ou um hater, mormente quando a grande maioria das pessoas que optam por expor a sua vida privada neste meio voyeurístico por excelência, perdem tempo irrecuperável das suas vidas a tentar encontrar respostas que estejam à altura do ódio destilado. É um genuíno paradoxo de Zenão, o esforço inglório e tremendamente supérfluo em responder a quem é perito em destruir que é o processo mais fácil desde a infância do género humano. 
 Contudo, cometendo o erro de comentar uma dessas demonstrações abusivas e manifestações vulcânicas das trevas do cérebro, exponho o seguinte caso de estudo patológico em último grau, posto que recorre à própria e pressuposta "saúde mental" para procurar achincalhar o seu semelhante. É terreno minado, com efeito, posto que um "odiador" é uma personagem de opereta que emerge das profundezas do seu retiro infernal, bem escondido na mediocridade e na mesquinhez assanhadas, para procurar sentir-se superior ou válido, diminuindo, atacando, vilipendiando e extenuando-se pelo assassinato de carácter que é um crime impune em qualquer recanto do Globo.
 Eis os dislates impregnados de ressentimento, o insulto mascarado de higienização mental agressiva e a subtileza do carrasco cibernauta que mistura falsa preocupação e ofensas morais, no ataque de vesícula venenosa e explosiva do apelo à comunidade dos "odiadores", em plena posse das suas faculdades, arrastando uma teia de estereótipos, preconceitos, descriminações e racismo social, cilindrando o sofrimento das pessoas que padecem dessa condição, executando um malabarismo demente como nas acusações de feitiçaria medievais:
«Figuras tristes e alucinadas, que até há bem pouco tempo atrás seriam devidamente tratadas em instalações psiquiátricas com o devido acompanhamento de profissionais de saúde mental e com a correcta administração dos fármacos indicados para este tipo de perturbações severas.» 
 Quem profere análogos impropérios está aquém da humanidade, regurgita ódio social e manipula sofrimento genuíno para promover o umbigo e a acefalia iníqua.

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